sábado, 30 de junho de 2007

Preconceito


“Quem não deve não teme. . . Conheço a família dele, sua índole e seu caráter há 11 anos, desde que ele começou a jogar.” Essas palavras foram ditas por Julio Fressato, empresário do jogador de futebol Richarlyson, comentando uma afirmação feita por um diretor do Palmeiras no programa Bate Bola da Record. O imbróglio todo foi o seguinte: esse diretor, José Cyrillo Jr., quando indagado no programa sobre quem seria o jogador que estaria negociando assumir sua homossexualidade no Fantástico da Rede Globo, citou o nome do jogador Richarlyson (se quiser ver o vídeo dessa gafe do diretor do Palmeiras, clique aqui). Mas o fato é que, bastou essa afirmação para desencadear mais uma onda de preconceito, machismo e frases infelizes contra os gays. Por exemplo, a declaração do empresário do jogador. Pela ótica dele, os gays não tem índole e nem caráter. Somos um bando de pervertidos, é isso? Tudo bem, existem alguns homens gays que tem o lema “demais nunca é bastante”. Mas isso é um comportamento que não é exclusivo dos gays. Homens héteros também agem assim. Isso é um comportamento do homem, independente de orientação sexual. A mãe do jogador também saiu em defesa do filho, dizendo: “Eu sei que ele não é, não precisa mostrar nada para ninguém. . . Ele é um menino muito amável”. Também numa suposta página do jogador no Orkut, o rapaz foi chamado perjorativamente de “seu boiola”, “viadinho” e “bambi”. Qual o motivo de toda essa homofobia? Se ele é ou não gay é um assunto que diz respeito apenas a ele. Mas se ele ou outro jogador qualquer for gay e assumir isso publicamente, esse ato se torna uma heresia. Por que? Será que por assumir sua orientação sexual o atleta perde suas habilidades? É claro que não! Ou será que por ser uma figura de destaque na mídia ele passa a influenciar negativamente os jovens com seu comportamento “bizarro”? Absurdo isso! Seria sim uma atitude de coragem, porque o futebol é um reduto machista por excelência. Seria uma quebra de paradigma interessante essa. Ou vai me dizer que no futebol não existem jogadores gays camuflados? Segundo alguns estudos, 10% da população é gay, então entre 11 jogadores de um time em campo, estatisticamente falando 1 é gay.

Na realidade se usam situações como essa para exercitar o preconceito que existe contra aqueles que são diferentes. Se tenta mostrar que ser homossexual é negativo e depreciador. Me cansa isso. Já é díficil viver nas sombras e não poder ser o que realmente sou. Mas, como aquele sujeito que está remando contra a correnteza sabe muito bem, se pararmos de avançar a correnteza nos leva. Então brothers, vamos continuar a remar contra a correnteza do preconceito! Nem que for para avançar poucos milimetros. Quem disse que grandes mudanças ocorrem assim, de uma hora para outra. Não, não é assim. Darwin nos ensinou que a evolução é lenta e gradual. Aos poucos esses preconceitos são derrubados. Mas como é difícil isso! Albert Einstein já dizia: “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.”

terça-feira, 26 de junho de 2007

Instantâneo


Estava pensando em como nós estamos em constante evolução. Somos verdadeiros mutantes: o que éramos ontem é diferente do que somos hoje, que por sua vez será diferente do que seremos amanhã. Lembro de como era um tempo atrás e como estou diferente agora em vários aspectos. Muitas coisas que acreditava, não acredito mais. Coisas que não gostava, passei a gostar. Atos que jurava que nunca iria fazer, fiz, repeti e gostei. O blog mesmo é um registro dessa mudança. As vezes leio posts antigos e penso: “como fui escrever isso?”, “que coisa ridícula!”. Mas, embora tenha vontade de apagar, deixo lá como um registro de minha evolução.

Por isso, acho interessantes esses desafios que pipocam pelos blogs. Como o que o Luiz Pep me convocou a responder. Eles servem como um registro instantâneo do que somos ou pensamos. Um registro para depois lamentarmos ter escrito ou darmos boas gargalhadas. Então, com vocês minhas respostas ao desafio do sete:

Sete coisas que não faço:
Praticar pára-quedismo (tenho pavor de altura), fumar, dirigir moto, me drogar, urinar em mijadouros de banheiros públicos (já tentei, trava o canal e não sai nada), comer jaca e me atrasar para compromissos.

Sete coisas que me encantam:
Um céu estrelado, a gargalhada de um bebê, a imensidão do mar, uma longa e duradoura amizade, um concerto ao vivo, uma história bem contada e, claro, o corpo masculino.

Sete coisas que odeio:
Ser desprezado, política, preconceito (seja ele qual for), escorpião, violência (verbal ou física), o tédio e filas.

Bom, eu teria que passar esse desafio para outros. Mas vou contrariar a regra. Quem quiser responder ao desafio, sinta-se desafiado.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

O Pinto


Acho que foi no final do ano passado que li uma nota, na qual o cantor Enrique Iglesias admitiu que tem um pênis pequeno e que até iria lançar uma linha de camisinhas para homens como ele, portadores de pênis pequeno. Foi corajoso o rapaz. Sim, porque esse assunto, o tamanho do pau, é uma assunto que desperta controvérsias entre nós, machos da espécie. Desde pequeno existe aquela brincadeira de ficar comparando o tamanho do pipi para ver quem tem o maior. Quando o cara cresce a coisa continua. Vai me dizer que nunca deu uma espichada de olho quando vai urinar em um banheiro público para conferir o tamanho do cacete do cara ao lado? Ou no vestiário da academia ou clube, lança aquele olhar de relance para o bilau alheio? É uma preocupação generalizada com o tamanho da espada. Isso é tão sério que até pesquisas fizeram. Urologistas ingleses mediram 11.500 caralhos e concluíram que metade dos homens consideram seu amigão pequeno (se algum pesquisador brasileiro quiser fazer essa pesquisa aqui, me ofereço como voluntário para aferir o documento do homem brasileiro e até dou uma sugestão: confiram também o tamanho do dito cujo em estado de alerta, não apenas em estado de dormência, hehe). Mas qual o tamanho de falo pode ser considerado pequeno? Dizem que se o bráulio tiver 7cm ou menos quando duro é considerado micro-pênis. A média de tamanho é entre 14 a 16 cm ereto.

Mas por quê essa preocupação excessiva com o tamanho do ferrão? Será que o tamanho é o mais importante numa transa? Será que ter uma tromba de elefante entre as pernas é garantia de uma transa satisfatória? Eu acho que não. Aliás acho até um problema. Imagine o estrago que isso causa. Isso sem falar que o possante está sempre perdendo para a lei da gravidade, sempre apontando pra baixo (por causa do tamanho, haja sangue para botar isso de pé!) quando deveria apontar para o céu. É uma preocupação até irritante essa. Quando estou em algum chat, sempre surge aquela pergunta: “quanto mede?” Minha resposta invariavelmente é: “não sei, nunca medi, deve ter uns 16, 17”. Para que essa preocupação?

Quando estava na fase de desejo gay contido, vi vários exemplares da fauna peniana em sites e revistas. Agora, do alto dos meus três meses de experiência prática, tendo visto ao vivo e via MSN vários exemplares da fauna peniana, posso garantir que não importa o tamanho da varinha, mas sim como você a usa para fazer a mágica (frasezinha clichê essa hein?). Prefiro muito mais a exploração sensorial que antecede a ação propriamente dita do instrumento de prazer. Àquela hora em que os cinco sentidos atuam: o tato, sentindo a textura da pele, dos pêlos, o calor do corpo, o toque ora suave ora firme; o olfato, cheirando o corpo, aquele perfume estrategicamente colocado, o aroma de prazer no ar; o paladar, os lábios e a língua explorando não só a boca mas todo o corpo e especialmente a área onde a rola vive e adjacências; a audição, ouvindo aquelas frases que incendeiam a imaginação ou um gemido de excitação e prazer; e finalmente a visão, o olhos captando imagens que alimentam o desejo. Vai me dizer que você não curte isso? Não quero dizer com isso que não goste da fase da penetração. Não me entenda mal. Mas é que a transa é um conjunto formado de vários elementos. Só que alguns, com essa síndrome do pinto pequeno, acabam estragando isso, focando demais em algo que deveria fazer parte do conjunto. E acabam frustrados por isso. E você? Está satisfeito com o tamanho de sua vara?


p.s. – se quiserem ver uma lista interessante de nomes alternativos dados para o pênis cliquem aqui. Eu tirei alguns nomes daí para escrever esse post. Tem cada um!!
Outra coisa. Recebi um convite do Luiz Pep para participar de outra brincadeira como aquela do “se eu fosse. . .”. Eu ia colocar neste post as respostas, mas achei melhor não, senão ficaria muito grande. Luiz, no próximo post eu respondo, ok?

sábado, 9 de junho de 2007

Beijo


Contaminado pelo clima de “love is in the air” que paira em alguns blogs, bem como pela proximidade do dia dos namorados, me inspirei para escrever sobre algo que é uma unanimidade: o beijo. Um ato de entrega, não com os lábios, mas com o coração e que nunca deve ser dado com olhos abertos porque essa é a forma mais cega de beijar. Um segredo contado entre silêncios. Ele é a menor distância entre os apaixonados. É um procedimento inteligentemente desenvolvido para a interrupção mútua da fala quando as palavras tornam-se desnecessárias. Sim, ele é uma forma de diálogo. Não mata a fome, mas abre o apetite. Ele pode determinar se um simples encontro se transformará em um relacionamento. É também o termômetro de uma relação. Se não existir mais na vida a dois, o relacionamento não existe mais, é apenas uma convivência e a relação precisa ser reavaliada. E a sabedoria popular nos diz que é como o ferro elétrico: liga em cima e esquenta embaixo. Pode não ser muito higiênico, mas é a mais deliciosa maneira de se conseguir uns germes! Essas foram algumas frases que encontrei sobre o beijo. E achei algumas coisas interessantes sobre o beijo também.

Alguns fatos históricos sobre o beijo. Os chineses o consideravam a primeira “onda do amor”, a primeira manifestação entre duas pessoas que desejam se amar. Eles afirmavam que o beijo seria fundamental para que “a barca do amor carnal deslize sobre rios de voluptuosidade”. Os romanos tinham 3 tipos de beijos: o basium, trocado entre conhecidos; o osculum, dado apenas em amigos íntimos; e o suavium, que era o beijo dos amantes. Na linguagem dos esquimós, a palavra que designa beijar é a mesma que serve para dizer cheirar. Por isso, no chamado "beijo de esquimó", eles esfregam os narizes. No Nordeste brasileiro, também se usa a palavra "cheiro" no lugar de "beijo". Em 1920 foi criada a expressão beijo francês, aquele em que as línguas se entrelaçam, o beijo de lingua. O livro Kama Sutra - escrito entre os anos 100 e 400 D.C.- já valorizava diversas formas de beijar, como o 'Beijo de virar a cabeça' que é o beijo que se dá em seu parceiro quando ele está ocupado com algo que está lhe preocupando, de modo a afastar a tensão da mente dele e trazer pensamentos de amor. Ainda segundo o Kama Sutra, a maior parte do corpo reage ao beijo, por isso, quanto mais próximo é o beijo dos órgãos sexuais, mais intenso é o prazer. A intensidade do beijo varia de acordo com o local do corpo em que é aplicado e pode ser moderado, pressionado ou suave. Para os árabes, o beijo durante o ato sexual é indispensável. Segundo eles o melhor beijo é aquele dado com a boca umedecida e combinado com a sucção dos lábios e da língua. Nesse tipo de beijo a língua deve ser suavemente mordiscada. O indiano Ananga Ranga -livro semelhante ao Kama Sutra- recomenda que certos tipos de beijos devem fazer parte da fase inicial das preliminares como o: No Ghatika, beijo na nuca; No Uttaroshtha, beijo no lábio superior e Pratibodha, beijo do despertar, onde um dos parceiros, ao encontrar o outro dormindo encosta os lábios no outro, aumentando a pressão até que ele acorde. Ufa! Não deu uma vontade doida de beijar?

Agora alguns fatos biológicos sobre o beijo. Uma explicação científica para as sensações agradáveis que o beijo proporciona: durante o beijo são liberados neurotransmissores - substâncias químicas que transmitem mensagens ao corpo - provocando um estado de leveza física e emocional. Quando duas pessoas se beijam, a hipófise, o tálamo e o hipotálamo trabalham juntos na liberação dessas substâncias. Durante um beijo são mobilizados 29 músculos, sendo 17 linguais. Os batimentos cardíacos podem aumentam de 70 para 150, melhorando a oxigenação do sangue, o que mostra que o beijo tem também benefícios para o coração. O beijo queima calorias. Acredita-se que um beijo caprichado consuma cerca de 12 calorias Mas há um detalhe, no beijo há uma considerável troca de substâncias, 9 miligramas de água, 0,7 decigramas de albumina, 0,8 miligramas de matérias gordurosas, 0,5 miligramas de sais minerais, sem falar em outras 18 substâncias orgânicas, cerca de 250 bactérias, e uma grande quantidade de vírus. Mas quem pensa nisso na hora do beijo?

Sabia que existem algumas técnicas para beijar? Dicas que o tornam ainda mais gostoso? Por exemplo, alterne os beijos com e sem língua, para que sejam sensuais e sexuais ao mesmo tempo. Os beijos "sem língua" não devem se limitar a lábios contra lábios: brinque com eles, prenda um dos lábios de seu parceiro com os seus, beije-o, passe-o por todo seu rosto, suas bochechas, sua testa, suas pálpebras. Introduza a língua na boca de seu parceiro e mordisque com suavidade seus lábios, pressionando um pouco, de modo que o beijo se transforme em uma leve mordida. Recorra o interior da boca com a língua, introduza-a no espaço onde o lábio superior se une com as gengivas e acaricie-as. Isto produz cosquinhas excitantes. Explore este espaço onde se unem as gengivas e o lábio inferior. Aventure-se e explore os pontos mais sensíveis do corpo do parceiro. Durante o beijo, aproveite para acariciar as mãos, os cabelos, as costas, ou segure o rosto dele em suas mãos. Faça do beijo um acontecimento único.

Chega né? A vontade de beijar está insuportável? Então brother, beije muuuuito. Daqueles de tirar o fôlego, que te faz esquecer que o mundo existe. Se o objeto de sua paixão estiver aí ao seu lado agora, dê-lhe um beijo bem dado (aplique as técnicas descritas acima). Se não estiver, a próxima vez que o ver agarre-o, sem se importar onde estiver e beije-o. Se não tiver ninguém habitando seu coração atualmente, desculpe-me pela vontade que te fiz passar. Não desanime, logo você encontra alguém para matar sua vontade. Enquanto isso, curta um clip com algumas belas imagens de beijos do filme Brokeback Mountain. Esse clip vai como minha singela homenagem aos apaixonados de plantão!


sábado, 2 de junho de 2007

( . . . )


Achou estranho o título deste post? Ele descreve bem meus últimos dias: falta de inspiração, falta de motivação, um vazio interno. A vida é cíclica e vejo que estou novamente em uma fase introspectiva. Pensando na minha vida. Não com arrependimento pelos passos que dei. Mas olhando para o futuro, tentanto ver algo que não consigo discernir. Talvez algumas coisas tenham colaborado para estar assim. Primeiro, a tempestade que minha intuição previu se abater sobre mim, não veio (se é que existiu). Fiquei sentado no chão, olhando para o horizonte, vendo as nuvens se formarem. Deitei na terra, sentindo com minhas mãos e pés a matéria de onde viemos, nossa essência. Braços abertos, receptivos ao que viesse, fossem raios ou granizo. Fechei os olhos, sentindo o vento trazendo mudança. Senti os pingos em meu rosto, em minhas mãos, em meu corpo. Era a chuva e não a tempestade. As gotas da chuva atiçaram meus sentidos, lavaram minha alma. Mas, trouxeram lembranças de um passado recente quando vivia recluso. Isso trouxe o vazio. Consegui fazer parte do que tinha rascunhado fazer. Numa comparação, pretendia voltar 100m, mas voltei 50m. Tudo bem, voltei menos do que pretendia, mas voltei. Dei início ao processo de retorno.

Também fiquei um pouco cansado de viver com máscara, escondendo minha verdadeira face daqueles que acham que me conhecem. “Oras, tire a máscara então! Não seja covarde, assuma o que realmente é!” Seria tão bom se fosse tão fácil assim. Mas, é possível isso? Viver sem máscara? Sem nenhuma máscara social? Não seria isso uma utopia? Vamos a uma situação. Você está almoçando na casa de sua mãe (comida de mãe sempre é bom). Mas ela exagerou o sal no feijão. E diz: “Ai filho, acho que salguei o feijão”. Você então coloca a máscara de filho compreensivo e diz: “Que isso mãe, está uma delicia!”. Outra situação. Você marca de sair com a pessoa amada. Sai de casa para encontrá-la quando o celular toca. “Não vai dar certo, aconteceu um imprevisto”. Decepcionante não? Mas você coloca a máscara de homem apaixonado e diz: “Tudo bem amor, a gente sai outro dia”. E existem muitas outras situações assim. Nossa vida é viver com máscaras sociais, maiores ou menores. Queremos ser aceitos por outros e para que isso aconteça escondemos o que não gostamos em nós. Por isso vivemos encenando papéis: o filho compreensivo, o homem apaixonado, o amigo fiel, o funcionário dedicado, o vizinho camarada, o homem hétero. “Eu não sou assim, o que tem que falar eu falo, o que tem que mostrar eu mostro”. Então meu brother, você é uma raríssima exceção. E pode ter certeza que os que convivem com você, necessitam de muitas máscaras para conviver pacificamente contigo. Você é como o personagem de ficção Salgado, o Super Sincero, que Luiz Fernando Guimarães encena aos domingos no Fantástico. Que cara mala! Sem alças, sem rodinha, grande e pesada!
As máscaras são necessárias então, nesse teatro que é a nossa vida. Mas algumas vezes são pesadas demais! Que outra solução há? Aceito sugestões. É meus brothers, essa nossa vida é phoda (com ph mesmo!).

Para terminar, olha como a vida é engraçada. Estava me sentindo como descrevi no primeiro parágrafo deste post quando me reencontrei com uma música que havia conhecido um tempo átras no blog de um brother. A música “Chasing Cars” do Snow Patrol. Pois não é que o clip dela é exatamente como estava me sentindo. Se quiser comprovar ele está aí embaixo.

“If I lay here
If I just lay here
Would you lay with me and just forget the world?”