quarta-feira, 28 de março de 2007

Solidão


Sabe qual é o pior tipo de solidão? É sentir-se só rodeado de muitas pessoas. Já se sentiu assim? Eu acredito que sim. Eu sempre me sentia assim. Não ter ninguém para desabafar, para dividir meus mais íntimos pensamentos e dúvidas. A matéria do qual sou feito não é o aço, por isso sinto necessidade de companhia, amigos para àquelas horas de incertezas (e como tenho isso!), para aqueles momentos que quero gritar, chorar ou simplesmente receber um olhar de afeto. E não havia nenhum amigo que podia fazer isso porque ninguém sabia do que sentia (sempre criei uma blindagem a minha volta para que ninguém percebesse algo). Sempre me perguntava: será que não devo contar para alguém o que sinto? Chegou a um ponto que decidi contar para alguém meus dilemas, minhas dúvidas e incertezas e claro, a atração que sentia por homens (estava na fase em que acreditava que o que sentia era como uma doença, um disturbio emocional). Mas a dúvida era: em quem eu podia confiar?

Eu tenho um amigo, que vou chamar de Eder, e nessa época estávamos muito próximos, pois ele passava por sérios problemas pessoais e, como um bom amigo, havia me aproximado mais dele (li em algum lugar que um amigo é um irmão nascido para tempos de aflição e problemas). Decidi me desabafar com ele já que como o estava ajudando, ele também poderia me ajudar. Mas como falar para um amigo hétero convicto que você tem desejos por homens? Pensei várias formas de fazer isso, ensaiei mentalmente que palavras falar, como falar e quando falar. Um dia, me enchi de coragem e decidi abrir a caixa de Pandora. Liguei para ele e disse:
-“Eder, tem um assunto que está me preocupando muito, algo que me machuca demais e eu não sei o que fazer. Preciso desabafar com você.
-“Tudo bem, pode falar.”
- “Não, por telefone não. Vamos marcar um dia e eu te falo”.
-“Ok!”

Alguns dias depois ele estava em casa e decidimos comer uma pizza. Fomos eu e ele buscar a pizza. Chegando ao local e apos encomendarmos as pizzas, pegamos umas cervejas e sentamos em umas mesas no local aguardando as pizzas. Resolvi sondar a reação dele:
- “Eder, lembra do que te falei pelo telefone esses dias atrás?”
- “Lembro, você quer falar agora?”
- “Não, aqui não. Quero falar com você em um lugar em que estejamos a sós. O que vou te falar tenho certeza que vai te decepcionar.”
- “Me decepcionar? O que pode ser tão sério assim? Não vai me dizer que você está ficando impotente?” (esses héteros!!)
- “Não é isso não.”
- “Se não é isso, o que pode me decepcionar? Não me diga que você gosta de homens?”
- (. . .)

Sabe quando acontece nos filmes e séries que alguém fala ou faz algo e então surge um lapso de tempo, parece que o tempo congela? E agora?
- "E se for isso, o que você diria?”
- “Eu diria que você precisa de ajuda, um médico ou psiquiatra talvez.”
- “É . . . , vamos conversar sobre isso com mais calma”, tentei ao falar isso encerrar o assunto e me recompor da reação que, sinceramente não esperava.

E agora, continuava ou abortava a tentativa de contar para ele? Decidi que não podia abortar a idéia, seria pior já que ele concluiria que era exatamente o que ele havia pensado e eu não teria a oportunidade de explicar minhas razões. Agora eu tinha de falar. E falei. Alguns dias depois, um sábado, combinamos de ir ao cinema à noite, só nós dois, e a tarde pudemos ficar sozinhos por algumas horas e então contei tudo relacionado ao meu desejo por homens, pedindo antes a ele que jurasse que não contaria o que eu iria falar a ninguém. Ele prometeu silêncio e eu contei, desde quando era pequeno, minha adolescência, passando pelo meu casamento e minha vida atual. Ele ouvia, perguntava o que não entendia e não demonstrava reação de desaprovação (fez algumas ligações com atitudes minhas, tipo assim “bem que eu percebi que você tinha um jeito diferente”). Me senti bem por ter contado e gostei da reação dele também. Dias depois, perguntei a ele se havia mudado o conceito que tinha sobre mim e ele disse que não, que me via como alguém que tem um problema como todos têm, só que um problema bem diferente. Queria até perguntar a outras pessoas (sem citar meu nome) como ajudar alguém com esse problema. E eu gostava dessa preocupação para comigo. Me sentia protegido.

E os meses passaram e o tempo com sua implacável maneira de conduzir os assuntos agiu. Ele começou a namorar uma prima minha e com isso comecei a sentir que ele se afastava de mim. Alguns meses depois se casaram, mas embora morassem perto de nós, raramente o via. Um dia mudaram para um pouco mais longe e praticamente não nos víamos mais (as ocasiões em que nos encontramos são festas e almoços de família). Ele não me telefonava (só quando precisava de algo), não mandava email, carta, bilhete, pombo correio, aviso de fumaça, nada. E eu também não o procurava. Pensei até que fui usado, uma maneira dele se aproximar de minha família com o objetivo de ver minha prima (ela era uma paixão antiga dele). Me mortifico na dúvida se ele contou meu segredo para ela ou para outra pessoa. Mas nas vezes em que nos encontramos, não toco no assunto. Sinto que ele se distanciou de mim e respeito isso. Sinto que existe entre nós um velado pacto de silêncio. E com isso voltei a condição inicial: a solidão, cercado de pessoas.

Mas ultimamente tenho um alento. São vocês meus brothers, meus companheiros da jornada subterrânea que é a nossas vidas. Através da net tenho feito amizades com homens de vários lugares, pessoas de várias formações e idades, mas que são como eu em ter uma “second life”, estando em vários estagios nessa condição. E eu não tenho vergonha de dizer: preciso de vocês, anseio seu conselho, espero sua bronca, conto com sua palavra amiga, necessito de seu olhar de afeto virtual, quero conhecer a sua história. Acredito que cada pessoa possui uma história fascinante, independente de erros e acertos, vitórias e derrotas. Sou um pouco antropofágico, me alimentando das histórias de pessoas, suas experiências de vida, sua personalidade. Absorvo de outros aquilo que acredito que me fará um ser humano melhor. Porisso, nunca é demais ter amigos, principalmente quando estes nos entendem e vivem os nossos mesmo dilemas. Com certeza seria muito melhor tê-los fisicamente ao meu lado (com um desses novos amigos isto já está acontecendo), mas não podemos ter tudo na vida não é? Me contento em que estejam virtualmente comigo. Vocês estão comigo, não estão?

sexta-feira, 23 de março de 2007

O Dia



Novamente uma sexta-feira. Novamente um fragmento de uma tarde. Novamente a conspiração do tempo impedindo a plenitude do ato. Novamente a ansiedade do ato impedindo a completa satisfação. Mas, há algo de diferente. A cumplicidade das paredes. A água massageando os corpos. Os corpos incendiando o ar. O ar impregnado de desejo. O desejo trazendo novas sensações. Novas sensações conduzindo ao êxtase desejado. O êxtase fazendo brotar o sorriso. Eu não podia deixar passar em branco este dia sem comentar em meu diário virtual. Não poderia deixar de registrar esta data: 23 de Março de 2007.

terça-feira, 20 de março de 2007

Amenidades


Brothers estou trocando meu pc e fuçando nos arquivos que tenho gravado no pc velhinho para passar para o pc novinho, achei um texto muito interessante. Galera, nunca tinha lido esse texto embora o tivesse gravado (atire o primeiro mouse quem não tenha no computador aquele texto ou arquivo que recebeu por email ou outro meio e também nunca leu ou abriu!). Não sei se a autoria é mesmo de Shakespeare (se vocês puderem confirmar se é ou não eu agradeço), mas é muito bonito o texto. E como o Imperfeito fez uma vez no blog dele (afinal também na blogosfera nada se perde, nada se cria, tudo se copia), eu destaquei umas frases que acho que se encaixam em nossa amizade, meus amigos blogueiros! É um pouco grandinho, mas vale a pena ler, confie em mim. E com vocês:

A Gente Aprende
"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.

E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.

E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. (...)

E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam...

E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso.

Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.

Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.

E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.

E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.

Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.

Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.

Aprende que não importa aonde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve.

Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.

Aprende que paciência requer muita prática.

Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.

Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.

Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.

Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.

Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. (...)

Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.

E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.

E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!

Nossas dádivas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar."


William Shakespeare

quarta-feira, 14 de março de 2007

A Semana - parte 2


Êxtase e loucura. O segundo encontro foi assim. Na hora marcada estava lá para encontra-lo. Depois de um pequeno atraso ele apareceu. Mesmo estilo. Mesmo jeito. Mesmos olhos. Saímos então procurando um lugar onde pudéssemos “conversar” mais à vontade. Parei o carro em uma rua sem casas (um dos muitos novos loteamentos de casas daqui) debaixo de uma árvore. Parecia ser seguro. Liguei o CD do carro, “Strani Amori” cantado por Renato Russo. E aconteceu. Lábios se encontraram. Bocas se uniram. Línguas duelaram. Mãos exploravam. Corpos curvados. Meu primeiro beijo em outro homem. Pausa para tomar fôlego. Sorriso de felicidade. E tudo de novo. Um barulho. Motor de carro. Viro para ver. Um carro passa por nós. Só deu para ver a expressão no rosto do motorista: espanto (“dois homens se beijando?”) e asco (“que nojo!”). Olhamos um para o outro. Esse lugar não é seguro. Novo beijo. Fico inquieto. “Vamos para outro lugar”. Rodamos um pouco e paramos em um lugar mais afastado. Uma pequena mata de um lado, um descampado do outro. De novo o carro parado debaixo de uma árvore. Recomeçamos. Só que agora as mãos estão mais ousadas. Os dedos mais livres. As bocas também. Para mim, novas texturas e novos sabores. Novas sensações em meu corpo. Mas de novo, outro motor de carro. Um fusca passa por nós. Parecia que estava com 3 ou 4 pessoas. Novas expressões de espanto. É, na rua durante o dia não há privacidade. Não sei quanto tempo se passou desde quando o apanhei no estacionamento. Mas era hora de voltar. Sair do sonho e voltar a realidade. O êxtase da descoberta do beijo de um homem e a loucura de um ato - em plena tarde de uma sexta-feira, numa rua não tão deserta quanto queria, o sol como testemunha, dois carros flagrando o que deveria ser reservado. Não importa, eu havia comido a tão desejada fatia do bolo. Queria agora o bolo todo! Mas não na rua, para servir de espetáculo para outros, mas na privacidade de quatro paredes! Essa história, pode ter certeza, vai continuar.

p.s. – somos adultos, responsáveis pelos nossos atos. Não há porque esconder identidades virtuais sob pseudônimos (já basta a nossa identidade secreta virtual). Como ele concordou em não ficar no anonimato e eu também não tenho nada a esconder para vocês (esse inclusive é um dos pressupostos quando comecei a escrever esse blog, revelar meus mais íntimos segredos) revelo quem é o “Loiro”. Mas vou fazer um pouquinho de mistério. Se você quer saber quem é o Loiro, clique aqui e será direcionado para o blog dele.

terça-feira, 13 de março de 2007

Buraco Negro


Começou de repente. Deitado no sofá assistindo tv ontem à noite. Um vazio no peito. Um sentimento de solidão. Um buraco negro dentro de mim. Não entendo como ou por que motivo surgiu. Entro no mundo virtual para conversar com algum amigo, mas todos estão off line. Me resta dormir, já que li uma vez que nada melhor que uma noite de sono para no dia seguinte ver as coisas de uma maneira diferente. Acordo de manhã e vejo que Morfeu não foi bondoso comigo. O buraco negro ainda existe. Quero chorar, mas ele suga minhas lágrimas. Quero gritar, mas ele suga minha voz. Quero sair correndo, mas ele suga minha ação. Só consigo sentar em frente ao computador e escrever. Cantando mentalmente o refrão de uma música: “wake me up inside \ wake me up inside \ call my name and save from the dark \ bid my blood to run before i come undone \ save me from the nothing I've become”.

domingo, 11 de março de 2007

A Semana


Se tem uma semana que posso dizer que mudou minha vida, foi essa que passou. Brothers, nada será como antes!

Na terça-feira comecei a malhar, como disse no post aí embaixo. Embora com dor (precisei tomar relaxante muscular pra agüentar) estou adorando malhar. E estou resolvendo uma antiga pendenga que tenho comigo mesmo, com meu corpo.

Na quarta-feira, o encontro pra conhecer uma pessoa especial (que eu também falei aí pra baixo). Essa pessoa (que vou chamar por enquanto de Blond) conheci através de um brother blogueiro, o Cara Imperfeito. Foi assim: um desses dias atrás estava teclando com o Imperfeito e ele me perguntou se eu sabia onde o Blond morava. Disse que não, mas desconfiei da pergunta. O Imperfeito então me perguntou se podia passar meu MSN para ele, aí então que tive certeza que tinha alguma coisa maquinando naquela mente (danado esse Imperfeito hein, bancando o cúpido!). É lógico que concordei. No dia seguinte, quando a noite entrei no MSN, olha o Blond me chamando pra conversar! Brothers conversamos muito, eu como sempre especulando sobre muitas coisas, assuntos que pra mim são novos e que quero saber como pessoas como eu lidam com isso. Descobri que ele mora em minha cidade e já sabia também que ele tem um blog. Conversamos muito e, lógico, trocamos umas fotos (ele é lindo, os olhos verdes mais penetrantes que vi).

Nos dias seguintes, conversas, perguntas, confissões, webcam, enfim aquilo que vocês já sabem que acontece quando conhecemos uma pessoa única. E crescia o desejo de conhecê-lo pessoalmente. Era um desejo mútuo. Marcamos para nesta semana nos encontrarmos. Quarta-feira, na hora do almoço dele. Ele teria que vir no centro de nossa cidade para pagar umas contas e então, por alguns minutos nos encontraríamos, poderíamos saciar o desejo de nos conhecer fisicamente, romper a barreira do virtual (infelizmente tenho alguns problemas com relação a horários devido a minha situação). Na hora combinada, por volta das 13:00 h, liguei pra ele pra dizer que havia chegado. Ele estava indo pagar a conta e me pediu para esperar um pouco ali onde estava, na principal praça de nossa cidade. É lógico que esperei. Brothers, me senti um adolescente tendo o primeiro encontro. Coração batendo forte, mãos suando frio, aquele friozinho na barriga. Impacientemente comecei a andar pela praça, entrando e saindo das lojas e bancas de jornais ao redor, escolhendo um lugar, um banco da praça pra conversarmos. A praça, como sempre estava lotada, a fauna típica de uma praça - aposentados vendo o movimento, pessoas na hora do almoço passando o tempo, namorados com pernas entrelaçadas, crianças correndo e tinha até uma equipe de tv fazendo reportagem – e eu ali andando pra lá e pra cá, adrenalina a mil. Achei um banco vazio, numa sombra (fazia um sol e um calor típico daqui) e lá sentei com o celular na mão esperando ele me ligar, olhando todo minuto para o celular pedindo para que tocasse. Ficava olhando para todos os lados imaginando quem dentre a multidão era ele. De repente, vi um cara andando em direção a praça que me chamou a atenção, não sei porque. Pegou o celular e teclou uns números. O meu celular tocou. Era ele! “Onde você está?”, “Aqui” disse eu e acenei. Ele me viu e veio em minha direção. Brothers, o que eu vi vindo em minha direção era uma pintura emoldurada pelos prédios históricos da praça. Comecei a reparar nele: camiseta, calça jeans, chinelo nos pés (tadinho, tava com o dedo do pé machucado!!), pulseiras de metal no braço, cabelos curtos, barba por fazer e um projeto de cavanhaque no rosto. Um delicioso estilo “largado”. E os olhos verdes ali me encarando. Quando me dei conta, estava ali na minha frente, um Adônis platinado estendendo a mão para me cumprimentar! Sentamos no banco da praça e agora, o que dizer? Então, o zêmula (zebra+mula) que vos escreve solta a pérola: “Então esse é o famoso Blond da blogosfera, do blog XXXX xxx XXXXXX?” (sem noção né galera? eu estava completamente zonzo com a situação) Ele sorri. Quebrado o gelo inicial, conversamos. Queria falar algumas coisas para ele olhando em seus olhos, procurando ver sua alma. Precisava explicar minha complicada situação pessoalmente, de coração para coração e sentir sua reação. Ele disse que, desde o inicio tinha consciência de minha situação e que teria paciência para esperar o momento certo para darmos um passo a frente. O problema era se eu teria essa paciência, ainda mais depois do que vi! O tempo passou rápido e logo ele precisava voltar para o trabalho. O acompanhei até onde estava estacionado seu carro e nos despedimos com um aperto de mão. Continuei andando até uma loja logo a frente, mas me senti escaneado pelo seus olhos verdes (mais tarde ele disse que ficou olhando meu gingado ao andar). Quem cruzasse comigo na rua com certeza deveria ter-se perguntado: “o que esse bobo da corte ta rindo?”, porque andava pela rua rindo pelo que tinha passado. Mas, sentia falta de algo. Sabe aquela sensação de ir a uma festa – um aniversário ou casamento – e sair sem comer o bolo? Pois é, essa sensação.

Alguns minutos depois meu celular toca. Blond chamando! “Liguei pra te dizer que curti muito te conhecer” disse ele. “E eu então? Mas não gostei de uma coisa” respondi. “O que?” quis saber ele. “Queria ter me atirado em seu pescoço e te dado um beijo!” foi o que eu disse. “Vamos ter outras ocasiões para isso” arrematou ele. “É, espero que seja logo”.

Na sexta-feira, indo para academia, mandei um torpedo para ele perguntando se poderíamos nos encontrar novamente naquele dia, na hora de seu almoço. Aguardei ansioso a resposta. E ela veio: “Sim, quer me ligar agora?”. Mais que depressa liguei e combinamos nos encontrar, eu iria de carro e o apanharia no shopping onde trabalha para nos vermos novamente e acabar com a sensação de bolo não comido. Brothers, duas palavras resumem bem esse nosso segundo encontro: êxtase e loucura.

Continua . . .

quarta-feira, 7 de março de 2007

NEWS 2


Estou precisando de ajuda. Pra ajuntar meus cacos. Motivo: comecei a malhar ontem. Tô quebrado! Isso pode parecer corriqueiro pra alguns, mas para mim foi mais um avanço. Eu nunca fiz academia, sempre ficava falando que ia começar e nada. Como agora estou em nova fase de vida, destravando travas antigas, essa foi uma delas. O duro é ter que disfarçar o olhar na academia para os deuses gregos que estão malhando. Ontem tinha um lá com uma bundinha!!! Tive que dar uma encarada naquele material!!


Uma observação sobre um comentário do post anterior: o Foxx deixou um comentário que a principio achei intrigante. Mas pensando bem no que ele escreveu, ele está coberto de razões. É Foxx, existe muito preconceito a ser quebrado, inclusive entre nós. Esse comentário me fez ver um lado que até então eu não havia analisado. Palmas pro Foxx!!!!!


Brothers, criei um email para o blog. Se quiserem meu msn mandem um email pedindo ou mandem o de vocês. O email é : mr-hyde-blog@hotmail.com


segunda-feira, 5 de março de 2007

NEWS 1



Estou criando esta categoria de post para falar de alguns assuntos. Fiquei uns dias sem publicar nada, não porque não tivesse assunto, isso eu tenho de monte. Mas estão acontecendo muitas coisas em minha vida ultimamente - novas situações, novos amigos, desemprego, computador que dá pau e por aí vai. Eu não escrevo no estilo psicográfico: ponho a mão na testa e desembesto a escrever uma mensagem. Não. Eu escreve, apago, volto a escrever, pesquiso, deleto linhas inteiras, leio, releio, até que uma hora fica pronto o texto. E depois de publicar sempre acho que poderia ter feito melhor. É bom escrever pra desabafar, mas vocês merecem que eu escreva um texto que pelo menos seja compreensível. Vamos as novidades então.
Como disse tenho conhecido vários novos amigos. Brothers, são pessoas incríveis, inteligentes, sensíveis que conheci em chats (é galera, existe vida inteligente ali, não só sacanagem!) e nos blogs. Tenho aprendido muito com eles, com suas experiências e suas palavras. Dentre todos que conheci eu destaco uma pessoa, um cara inteligente, articulado, que tem um par de olhos penetrantes e verdes. Um gato. Uma alma linda. Por favor, meus outros amigos não fiquem com ciúme não, hein. É que ele é de minha cidade também. Já rompemos a barreira do virtual e nos falamos por telefone e logo, talvez nesta semana, nos conheceremos pessoalmente. Bom chega né? Depois conto mais sobre isso, combinado?
Vocês devem ter lido sobre o carinha de cabelo colorido do RBD que assumiu que é gay, não é? Christian Chavez é o nome dele. Não gosto do RBD, mas o que ele fez foi corajoso. Tá, tudo bem, foi por ter sido flagrado por fotógrafos com seu namorado que o levou a assumir sua condição perante todos. Mas foi uma atitude corajosa, isso foi. Com o ator Leonardo Vieira aconteceu algo similar e ele negou de pé junto qualquer tipo de insinuação. Não o julgo por isso. Ele agiu de uma forma que eu talvez agiria hoje. O que Christian fez foi corajoso e bom para nossa causa. É bom que as pessoas vejam que existimos, que o cara da tv, o jogador de futebol, o jornaleiro da esquina, o bancário, o professor, o médico, o juiz, o advogado da família, o porteiro, o pintor, o seu melhor amigo é gay. E que se acabe logo com essas piadinhas infames, essas comparações ridículas e humilhantes que fazem a nosso respeito. Ainda ontem eu vivi uma situação assim que me deixou puto da vida. Triste também. Estava eu com amigos, de várias idades, quando um deles começou a contar uma situação que passou na sala de espera do consultório do dentista. Estava lá ele e uma “bichinha” que falava com outra “amiguinha” no celular sobre um “bofe”. Depois de desligar o celular, a “bichinha” começou a olhar pra ele. “Você não teve pai não hein?”, não sei se ele falou ou quis falar isso pra “biba” do alto de seu pedestal de macho. Ai começou o festival de casos envolvendo os “depravados”, uma competição de situações que eles presenciaram ou viveram - as duas meninas que estavam se beijando na rua (“que nojo”, “eu fiquei encarando mesmo, onde já se viu?”), o cara que foi cantado pela “bichinha”, e outros casos. Minha vontade era gritar, exigir respeito pelo que sinto. Mas, Mr.Hyde teve de ficar quieto (se vc não entendeu leia o meu primeiro post). Saí dali e fui pra outro lugar. Chorar minhas feridas.
Por isso, foi bom que na última novela das 8, Páginas da Vida, tenha exibido a vida de um casal gay, homens bonitos e normais vivendo juntos. A nova novela, Paraíso Tropical, também terá um casal gay Rodrigo e Tiago (interpretado por Carlos Casagrande e Sérgio Abreu). Uma novela anterior, América, também falou sobre o tema – o gostosíssimo Bruno Gagliasso interpretando um jovem gay se descobrindo (pena que a “moral e os bons costumes” cortou o tão esperado primeiro beijo gay da tv brasileira). Isso sem falar no fenômeno Brokeback Mountaim que mostrou de forma linda o amor entre 2 homens aparentemente normais e másculos. Por falar nisso brothers, vocês ficaram sabendo que o beijo trocado entre os personagens interpretados pelos atores Jake Gyllenhaal e Heath Ledger foi eleito o melhor beijo do cinema? (vejam: http://gonline.uol.com.br/site/arquivos/estatico/gnews/gnews_noticia_19190.htm) Merecido, que beijo!!!!! Voltando ao assunto, a mídia no Brasil (principalmente novelas) sempre desempenhou um papel fundamental em mudar costumes e conceitos, em formar e mudar opiniões. Que seja assim nessa nossa condição, por favor. Afinal não tem como não negar a nossa existência, que somos pessoas normais. Eu li em algum lugar que estudos realizados calculou que 10% da população é gay. Se for só isso mesmo, na minha cidade isso dá 60.000 pessoas. No Brasil são mais ou menos 17.000.000 de pessoas, um numero que não pode ser desprezado, não é?