quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Amor


Quem inventou o amor? Me explica por favor!
Poetas já o descreveram. Filósofos o definiram. Cientistas o estudaram. Mas, eu preciso saber: como reconhecer o amor? Quais os seus sintomas? Será que ele se manifesta nesse desejo de te ver sempre, essa vontade de estar simplesmente ao seu lado te admirando, velando seu sono, vendo sua respiração, analisando seus detalhes e medindo com o olhar teu corpo? Ou então nesse brilho ofuscante que ocorre quando cruzamos olhares? Ficar olhando para sua foto no meu monitor e acariciar com o dedo o seu rosto, contornando seus lábios, me perdendo no seu olhar e me encontrando no seu sorriso (como estou fazendo agora ao escrever esse texto). E essa alegria que incendeia meu coração quando te vejo, seja ao vivo, seja virtualmente, como o sol iluminando o dia mandando embora a noite fria e escura, me fazendo sentir como se estivesse num lapso temporal. Seria um de seus sintomas? O prazer de te ver sorrindo, gargalhando daquilo que falo ou faço. E a satisfação de saber que provoco em você mudanças no humor e no olhar, mudanças essas que motivam outros a te perguntar: “o que está acontecendo? Seus olhos estão brilhando como nunca vimos antes!”. E esse desejo absurdo que tenho de gritar ao mundo o que sinto, mas tenho de amordaçar minha boca e trazer cativo meu desejo para não fazer uma loucura. E esse contentamento descontente que sinto? Contente e radiante pelo que passamos juntos ou com o que estamos sentindo. Mas descontente fico, porque queria estar ao seu lado sempre. Me consome saber que não está aqui comigo. E essa dor que desatina sem doer quando te vejo partir? Estranho também como meu egoísmo se rende aos seus desejos, abrindo mão de minhas preferências para poder te satisfazer e ainda me sentir feliz por isso. Estar feliz por ver a tua satisfação. Pensar em você quando acordo e dormir pensando em você. Me derreter todo quando vejo um sorriso seu. Intrigante também é como agora não sinto atração ou desejo por nenhum outro a não ser você. Cativo e irremediavelmente conquistado. E feliz.
Quem inventou o amor? Ou, quem já sentiu o amor? Me explica, por favor!?

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Histórias


Já pensou se as histórias que vivemos em nossa vida fossem como as obras de ficção? Todos os episódios de nossa vida tivessem princípio, meio e fim? Como em um conto de fadas, começassem com o “era uma vez” e terminassem com o “e viveram felizes para sempre”? Não que nossa vida seja feita de inúmeros episódios não acabados, romances que faltam as últimas páginas. Muita coisa se resolve e tem um final. Mas boa parte do que vivemos é uma obra aberta, ainda com final indefinido, aguardando a providência divina ou humana para que o ponto final seja colocado. E algumas nem serão encerradas. Eu digo isso devido a um comentário interessante deixado por um visitante aqui do meu blog. Ele escreveu o seguinte nos coments do post anterior:

"Moisés disse...
Você escreve muito bem. Gosto de suas reflexões, mas sinto falta das conclusões das histórias. Por exemplo: que aconteceu com a família que descobriu que o filho é gay? Como ficou o caso do contato que o bloqueou no msn? Isso desperta a curiosidade e dá uma aflição saber que ela não será satisfeita."

Antes de mais nada, nunca escondi a imensa alegria que sinto ao ler os comentários que vocês deixam aqui, sejam eles prós ou contra. Então meu amigo Moisés, obrigado pela visita e comentário (até tentei saber mais de você vendo seu perfil no Blogger, mas não estava disponível). Me senti lisonjeado também por dizer que escrevo bem. Particularmente não acho que tenha esse dom, escrever bem. Escrever um post para mim é um parto de elefante, com idas e vindas, escreve, deleta, pesquisa, apaga, pausa para a massa cinzenta se refazer, até que finalmente sai algo que meu rigoroso controle de qualidade aprove. Sempre com ressalvas. E tem outra - alguns blogs me proíbo de visitar antes de escrever algo, blogs como os dos mestres
Oz ou Poison , por exemplo. Se os leio antes de escrever, minha inspiração vai para o ralo ante a genialidade dos mestres. E ai só me resta ouvir Mozart para estimular a inteligência ou mergulhar nas crônicas de Drummond, Veríssimo ou Ubaldo para a inspiração voltar. Por isso, obrigado também pelo incentivo.

Agora sobre o que comentou, realmente existem muitas histórias que estão ainda inacabadas. Como a da
família que descobriu que o filho é gay . O rapaz está tentando viver “normalmente”, reprimindo com toneladas de culpa seu Hyde interior, seu desejo proibido, achando que vai conseguir mantê-lo sob controle. Espero que ele seja eficiente nisso. Ou não, sei lá. O fato é que decidi manter minha posição neutra diante do que ele está passando e não me envolver para preservar minha sanidade mental. Sim, por que se fizesse o que estava com vontade, dizer para ele que é uma luta em vão o que ele está tentando fazer, com certeza ele iria comentar com alguém sobre o que lhe aconselhei. Ai meus brothers, eu iria para o sétimo inferno de Dante! Sobre a outra história que comentou, a do contato que me bloqueou no MSN , depois que escrevi sobre ele no blog, não é que a criatura ressurgiu das trevas? Reapareceu no meu MSN como se nada tivesse acontecido! Até me passou o outro MSN (um que já sabia que existia) para que eu o adicionasse. Seguindo as dicas do manual de etiqueta da Glorinha Kalil, não o desprezei, não cobrei explicações, não dei pití. Convivemos civilizadamente no mundo virtual, trocando algumas palavras algumas vezes. Estou imunizado contra esse ser. Ou seja, essa história eu considero encerrada.

Mas existem muitas outras em aberto e outras começando. E também situações recorrentes na minha vida. Como a que aconteceu essa semana. Um novo episódio do tipo “fundo do poço”. Foi assim: numa dessas noites eu visitei alguns blogamigos e nesses blogs os brothers falavam sobre amizade, amigos e sobre a importância dessas pessoas em nossas vidas. Coincidentemente no fim de semana anterior um amigo virtual muito querido havia me contado que passou a noite na casa de amigos vendo muitos filmes e nessa noite que visitei os blogs, ele comentou que havia visitado um velho amigo. Pra quê!! Parece que meu subconsciente trabalhou a noite toda durante meu sono de tal forma que acordei sentindo um vazio monstruoso! Uma vontade de receber um abraço apertado, um afago, um carinho, uma palavra que só um amigo sabe dar. “Uê, você não tem amigos?” talvez diga. Que realmente me conheçam não. Pensei que tivesse, mas tenho conhecidos, pessoas que não sabem nem 10% do que sou. Tive até um que considerava meu irmão, mas que hoje nem liga para perguntar como estou. Queria um amigo que só de olhar me entendesse. E não tenho. Tenho muitos amigos virtuais que estão espalhados por esse mundo de Deus. Mas quero e preciso de amigos reais. Preciso do contato físico (sem conotação sexual ok?), do toque, do olhar, do peito para eu colocar minha cabeça, entende? “Preciso de oxigênio, preciso ter amigos, preciso de dinheiro, preciso de carinho”. Acordei assim. Para poder trabalhar e conviver com minha família, tive que pegar no meu estoque de máscaras, a máscara da felicidade e usá-la para não despertar suspeitas. Cara de feliz, mas por dentro desmoronando. Assim foi por uns três dias. O sentimento abrandou um pouco. Mas a vontade permanece. Amigos não são como comprar um lanche no McDonald’s, você escolhe e daí a instantes tem o pedido atendido. Demora. Precisa-se da convivência e da cumplicidade para se formar os laços e nós da amizade. Tudo bem, pode até começar no mundo virtual, mas uma hora tem de passar para o mundo real. E é ai que estou tendo dificuldades. Será que tem alguma coisa de errado comigo? Ou será que minha vida toda está errada? O que preciso fazer? Sugestões são bem vindas.

sábado, 25 de agosto de 2007

Felicidade


O que é essa tal felicidade? Onde encontrá-la? Qual loja, em qual shopping ela está à venda? Em qual seção do supermercado se compra esse item? Ou será que ela está disponível em comprimidos na farmácia da esquina? Já sei, ela está engarrafada e pronta para ser consumida nos bares da vida! Não??? Pode-se encontrá-la em seringas então? Também não?! Só pode estar em alguma conta bancária de algum paraíso fiscal numa ilha paradisíaca! Não né? Onde ela está então?
Pergunta de díficil resposta essa não? Será mesmo? Ou complicamos tanto as coisas que despercebemos o óbvio? Agimos como o avôzinho infeliz que procura por toda a parte os óculos, tendo-os na ponta do nariz! Procuramos a felicidade em vários lugares, em várias pessoas, em várias situações e ela ali, do nosso lado nos olhando com cara de espanto dizendo: “eu estou aqui!”. Condicionamos a felicidade. Agregamos muitas condições para obtê-la. Quando me formar; quando fizer pós; quando voltar a estudar; quando perder 10 kg; quando fizer academia; quando me separar; quando encontrar alguém; quando morar sozinho; quando tiver meu apartamento; quando tiver um carro novo; quando me mudar para perto dele; quando mudar de emprego; quando for gestor da minha área; quando tiver minha própria empresa; quando tiver um rendimento de 5 dígitos; quando ganhar na Megasena; quando terminar minhas dívidas. Quando, quando, quando. Esquecemos que, como ouvi um dia, a felicidade é uma viagem, não um destino. Vivemos como formigas num formigueiro, sempre atarefados correndo de um lado para outro, sacrificando relações pessoais e até nossa saúde buscando algo que muitas vezes nem sabemos o que é. Não aproveitamos nossa viagem. Não desfrutamos dos pequenos prazeres que essa viagem nos proporciona. Não reparamos nos detalhes. E eles fazem a diferença.
Por que essa reflexão? Essa semana aconteceu algo que me pôs a refletir. Algo banal, corriqueiro, mas que gerou em mim o desejo de falar sobre isso. No final do expediente em meu emprego, estava arrumando minhas coisas para ir embora. Trabalho no 3º andar. Olhei pela janela e vi. Uma bola vermelha me chamou a atenção. O astro rei, o sol estava se pondo. Lindo, maravilhoso, colorindo com tons de vermelho, amarelo e laranja o céu ao seu redor. Magestosa visão! O sol, alheio a qualquer vontade, mostrava toda sua beleza para quem quisesse ter o prazer de vê-lo. Olhei para baixo e as pessoas indiferentes diante desse espetáculo. Andando, correndo, apressadas feito formigas. Perdendo a chance de transformar o ordinário do dia-a-dia em extraordinário.
“O que faz você feliz? A lua, a praia, o mar. Uma rua, passear. Um doce, uma dança, um beijo. Ou goiabada com queijo? Afinal, o que faz você feliz? Chocolate, paixão, dormir cedo, acordar tarde. Arroz com feijão. Matar a saudade. O aumento, a casa, o carro que você sempre quis. Ou são os sonhos que te fazem feliz? Dormir na rede, matar a sede, ler ou viver um romance? O que faz você feliz? Um lápis, uma letra, uma conversa boa. Um cafuné, café com leite, rir a toa. Um pássaro, um parque, um chafariz. Ou será um choro que te faz feliz? A pausa para pensar. Sentir o vento, esquecer o tempo. O céu, o sol, um som. A pessoa ou o lugar? Agora me diz: o que faz você feliz?” Esse é o texto de uma propaganda institucional do Grupo Pão de Açucar, propaganda essa que achei muito bacana e que me lembrei durante essa reflexão. O texto é narrado por Arnaldo Antunes e com ela fecho esse post.

sábado, 11 de agosto de 2007

Cansaço


Cansado. Essa é uma palavra que define de forma exata como estou me sentindo. Mas não cansado da vida ou do blog. É cansaço físico mesmo, devido a estar trabalhando muito. Engraçada essa nossa vida né? Há alguns dias estava entediado por não fazer nada, enviando curriculum, esperando retorno que nunca vinha de entrevistas (e com tempo mais que de sobra para traquinagens virtuais e reais). Agora, cansado por trabalhar demais. Nem mal começei no novo emprego e meu banco de horas já está com uma quantidade interessante de horas. Antes assim. O problema de tudo isso é a falta de tempo e disposição para fazer algo que me acostumei, ou melhor, me viciei: escrever em meu blog, visitar blogs de amigos e papear pelo MSN. Já devem ter notado isso. Até tentei algumas vezes a noite visitar alguns blogamigos, mas o cansaço me domina e então caio nos braços de Morfeu. Não tem jeito. Quando passar essa fase inicial no meu emprego, de montagem de meu setor, as coisas se normalizam (espero!).

Não sumi não viu? E tampouco desisti do blog. Estou com muita saudade de vocês, de participar de uma certa forma de suas vidas por ler o que escrevem nos blogs. E compartilhar com vocês meus brothers, a minha vida também. Não quero nunca abandonar esse meu cantinho na blogaysfera. Por hora, vou terceirizar um pouco esse espaço para não passar totalmente em branco. Vou colocar um texto que recebi por email e me chamou a atenção. O que vocês acham, “homossexual” é adjetivo ou substantivo? Leiam o texto abaixo.

Não existem homossexuais

Não conheço homossexuais. Nem um para mostrar. Amigos meus dizem que existem. Outros dizem que são. Eu coço a cabeça e investigo: dois olhos, duas mãos, duas pernas. Um ser humano como outro qualquer. Mas eles recusam pertencer ao único gênero que interessa, o humano. E falam do "homossexual" como algumas crianças falam de fadas ou duendes. Mas os homossexuais existem?
A desconfiança deve ser atribuída a um insuspeito na matéria. Falo de Gore Vidal, que roubou o conceito a outro, Tennessee Williams: "homossexual" é adjetivo, não substantivo. Concordo, subscrevo. Não existe o "homossexual". Existem atos homossexuais. E atos heterossexuais. Eu próprio, confesso, sou culpado de praticar os segundos (menos do que gostaria, é certo). E parte da humanidade pratica os primeiros. Mas acreditar que um adjetivo se converte em substantivo é uma forma de moralismo pela via errada. É elevar o sexo a condição identitária. Sou como ser humano o que faço na minha cama. Aberrante, não?
Uns anos atrás, aliás, comprei brigas feias na imprensa portuguesa por afirmar o óbvio: ter orgulho da sexualidade é como ter orgulho da cor da pele. Ilógico. Se a orientação sexual é um fato tão natural como a pigmentação dermatológica, não há nada de que ter orgulho. Podemos sentir orgulho da carreira que fomos construindo: do livro que escrevemos, da música que compusemos. O orgulho pressupõe mérito. E o mérito pressupõe escolha. Na sexualidade, não há escolha.
Infelizmente, o mundo não concorda. Os homossexuais existem e, mais, existe uma forma de vida gay com sua literatura, sua arte. Seu cinema. O Festival de Veneza, por exemplo, pretende instituir um Leão Queer para o melhor filme gay em concurso. Não é caso único. Berlim já tem um prêmio semelhante há duas décadas. É o Teddy Award.
Estranho. Olhando para a história da arte ocidental, é possível divisar obras que versaram sobre o amor entre pessoas do mesmo sexo. A arte greco-latina surge dominada por essa pulsão homoerótica. Mas só um analfabeto fala em "arte grega gay" ou "arte romana gay". E desconfio que o imperador Adriano se sentiria abismado se as estátuas de Antínoo, que mandou espalhar por Roma, fossem classificadas como exemplares de "estatuária gay". A arte não tem gênero. Tem talento ou falta de.
E, já agora, tem bom senso ou falta de. Definir uma obra de arte pela orientação sexual dos personagens retratados não é apenas um caso de filistinismo cultural. É encerrar um quadro, um livro ou um filme no gueto ideológico das patrulhas. Exatamente como acontece com as próprias patrulhas, que transformam um fato natural em programa de exclusão. De auto-exclusão.
Eu, se fosse "homossexual", sentiria certa ofensa se reduzissem a minha personalidade à inclinação (simbólica) do meu pênis. Mas eu prometo perguntar a um "homossexual" verdadeiro o que ele pensa sobre o assunto, caso eu consiga encontrar um no planeta Terra.
JOÃO PEREIRA COUTINHO (Folha de São Paulo)
12 de Agosto de 2007, 11:00h
Fazendo uma atualização:
Depois que escrevi este post, recebi um video por email e ao invés de fazer outro post achei interessante colocá-lo aqui mesmo como, vamos dizer, homenagem aos pais.
A história do video é o seguinte: no final de 2006 uma escola na Holanda fez um 'festival de todas as artes' com o tema: "QUEM SÃO PAPAI E MAMÃE?" E permitiu que a criançada soltasse o verbo sem censura... Este vídeo é do menino vencedor do festival...

domingo, 29 de julho de 2007

Resiliência

Voltando as aulas de física. Resiliência é a propriedade que alguns materiais tem de superar uma pressão, voltando ao seu estado original sem ser alterado. Ou seja, ele recupera-se ou adapta-se rapidamente. Um exemplo, a espuma que recebendo uma pressão se deforma e terminada a pressão volta ao seu estado original. Esse termo também é usado no dia-a-dia para descrever a capacidade que as pessoas tem de, diante de um problema, uma situação adversa, se recuperar e, como dizem, dar a volta por cima tirando proveito do sofrimento ou da situação adversa. Você é resiliente? Ou é um “homem de vidro”, que quando recebe uma chapoletada da vida se quebra em mil pedaços?

Fazendo um restrospecto, acho que sou resiliente. Aliás, a minha resiliência vêm sendo testada muito nesses últimos meses. Há um ano átras, pensava estar seguro em um bom emprego, embora não trabalhasse em repartição pública ou orgão do governo. Nesse ano, inesperadamente perdi o emprego. Alegação para demissão: corte de custos (não dá para competir com os filhos do patrão!). Fiquei durante uns 2 dias sem chão ou horizonte. Me senti o substrato do pó do peido do cavalo do bandido (é assim mesmo que escreve Latinha?). Até que decidi mudar minha vida, deixar de ser o coitadinho que é digno da pena. Esse abalo que tive, rachou de vez a represa que segurava meus desejos secretos. Parece não ter nada a ver uma coisa com a outra né? Mas tem. Cansei de tentar agir seguindo um determinado padrão e só levar na cabeça. Decidi explorar, conhecer, experimentar o “proibido”. Aproveitar mais a vida, não ser tão certinho sempre. Não querendo dizer com isso que iria agir de maneira desonesta ou desleal. Ai já seria mudança de caráter, o que não aconteceu. Mudei apenas meu ponto de vista sobre um assunto. Ou seja, de uma situação aparentemente desfavorável eu tirei lições e corrigi algumas coisas. E agora aqui estou eu me preparando para uma nova situação, um novo emprego, na qual minha resiliência vai ser primordial para começar de novo, em um novo desafio. Começando de baixo de novo. Nessa montanha russa que é nossa vida, achava que estava numa subida, mas inesperadamente desci e agora começo uma nova subida.

Se formos parar para analisar, tudo ou quase tudo na vida é uma questão de ponto de vista. Mesmo nas piores situações, podemos tirar algo de bom. No começo, no auge da tempestade, talvez não vejamos nada de bom. Mas depois de passar a tormenta, encontramos as plantas que resistiram a tempestade pela sua flexibilidade. Não dá para viver isento de problemas. É como disse Michael Jansen: “A felicidade não é a ausência de problemas. A ausência de problemas é o tédio. A felicidade são grandes problemas bem administrados.” Porisso, não adianta bater de frente com as dificuldades e problemas e ser destruido por eles. É preciso ter o ponto de vista correto sobre eles. Isso sim faz a diferença. Tem uma poesia do Drummond que fala exatamente sobre isso. Faz tempo que não coloco uma aqui né? Então com vocês e para vocês, Carlos Drummond de Andrade:

"Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Exílio


Ufa!!! Voltei! Fiquei um pouco sumido daqui. Alguns problemas domésticos me forçaram a ficar fora desse mundo virtual durante alguns dias. E depois, para ajudar, o meu pc foi para o “estaleiro” (por que será que esse pessoal de informática promete as coisas para um dia e entrega 2 dias depois?). Esses dias que estive fora da blogaysfera aconteceram algumas coisas no mundo real que quero compartilhar com vocês, meus companheiros de jornada. Vamos lá:

Depois de alguns meses fazendo parte dos que são beneficiados com o seguro-desemprego, finalmente surge uma oportunidade real de emprego. Ainda não assinei contrato, mas já foi confirmada minha contratação. Estou sentindo como se estivessem tirando um peso de cima de mim. Olha, não é a toa que dizem que ficar desempregado é uma das situações mais estressantes que um homem pode enfrentar! Espero não ter que passar por isso de novo. Não tenho definição ainda de meus horários de trabalho. Se sumir de novo, já sabem qual será o motivo agora. Pelo menos até eu sentar e redesenhar minha rotina.

Outra coisa aconteceu e essa me deixou muito pensativo. Já disse aqui que vivo em um mundo extremamente homofóbico. Mas mesmo nessa situação, percebi em alguns dos quem convivo que são da irmandade. Meu gaydar acendia a luz rosa quando os observava com um pouco mais de atenção. Pois bem, esses dias atrás estava eu assistindo tv quando o telefone toca. Quando atendi me assustei. Do outro lado uma amiga aos prantos me pedia que fosse até a casa dela. Tentei saber o que estava acontecendo, mas ela pediu que fosse até lá. E lá fui eu. Quando cheguei, a situação que vi me lembrou esses episódios de trágedia, onde os parentes se desesperam com a morte trágica de alguém querido. Ela, o marido e o filho aos prantos. O motivo? Existia uma desconfiança nossa (minha e de outros amigos) de que o filho do casal, um rapaz de 17 anos, que tinha um modo meio, digamos, delicado, fosse da irmandade. Surgiu uma suspeita de que ele havia entrado em salas de bate-papo gay usando um pc de um outro amigo nosso (ele deixou rastros na máquina!). Os pais o confrontaram para saber se era verdade. Ele não só confessou que tinha entrado em salas de bate-papo como também que tinha saído com vários caras. Esse era o motivo da choradeira que vi. Algumas frases que escutei lá: “ele acabou com nossa vida!”, “eu dava tudo pra ele, porque fez isso, onde eu errei?”, “eu estraguei a vida de meus pais, mas eu quero mudar, não vou fazer mais isso”. Imaginaram a cena? E eu lá no meio. Justo eu! É redundância dizer que fiquei atônito, paralisado, sem saber o que falar ou fazer. Fiz o que achei mais urgente, tentai acalmar o povo, fazer a razão voltar a imperar.

A situação teve alguns desdobramentos que não convém dizer aqui, mas tudo isso me fez refletir um pouco. Primeiro, por que essa reação exagerada, como se alguém fosse morto tragicamente? É sempre assim que acontece quando se revela que temos simplesmente uma atração por homens? Será que é assim que ocorreria se eu revelasse o que sinto e o que já fiz? Me dá medo em pensar nisso. Mas eu sei que estou sujeito a isso. Tudo isso só reforçou o que penso sobre como devo lidar com essa situação e que já falei aqui: continuar com meu “outting” homeopático. Essa situação também me deixou um pouco constrangido. Sim, porque me vi refletido no rapaz, no sofrimento que ele deve estar passando, no pensamento de que é possivel mudar o que se sente, quando não é possível isso. Queria poder ter dito a ele que isso não é o fim do mundo, que não tem como se “curar”, que ele não é um doente por ter essa atração. Mas não podia fazer nada disso sem me expor. É horrivel esse sentimento de impotência, de querer ajudar mas não poder. Esse é um dos tributos que pago pela escolha que fiz. Fazer o que!

Para terminar, coloquei o video de uma música que curto muito, “Fake Plastic Trees” do Radiohead. Já tinha esquecido dela (ela é de 1995), mas nesses dias que estava exilado do mundo virtual, em um programa de clips na TV, a ouvi de novo. Ela foi anunciada como a “melancólica música do Radiohead”. E não é que bateu com o que eu estava sentindo?



segunda-feira, 9 de julho de 2007

Virtual


No principio, era a empolgação. Um admirável (e virtual) mundo novo, onde máscaras não existiam. Um lugar onde não importava se eu era branco, negro, amarelo, azul ou rosa. Não importava se era gordo, magro ou malhado. Podia ser eu mesmo. Podia conversar com outros da mesma espécie. Mostrei minha alma, minha essência. Vi almas alheias. Fiz amigos. Cúmplices. Desabafei. Chorei. Ri. Me emocionei com histórias de amor vividas por outros. Aqui criei coragem e saí do virtual e no mundo real realizei desejos há muito reprimidos. Extrapolei limites. Experimentei novas sensações.

Mas esse mundo tem seu “dark side”. E ele se manifesta algumas vezes. Me sinto isolado as vezes. Sabe quando você está numa roda de amigos e ninguém conversa com você? Talvez isso seja minha carência se manifestando. Como filho único, sempre tive essa necessidade de receber aprovação e atenção. Mas o que mais me incomoda nesse mundo virtual é não poder olhar nos olhos daqueles com quem converso e captar suas reações. Não consigo discernir se falam a verdade ou não, se estão sendo sinceros ou não. Recentemente passei por uma situação com um certo alguém que ilustra isso.

O conheci pelo Manhunt. Ou melhor, ele me contatou. Seus olhos logo me chamaram a atenção (duas coisas me chamam a atenção logo de cara em um homem: os olhos e, como um bom brasileiro, a bunda). Eram de um verde fascinante. O adicionei como um de meus contatos no MSN e teclamos algumas vezes. Quando percebi, estava fascinado por ele. E ele correspondia. Só havia um detalhe: 450 km nos separavam. Um estado inteiro entre nós. Fui aconselhado por uns amigos blogueiros a “sair dessa antes que seja tarde”. Não ouvi o conselho. Fizemos planos para ele vir aqui ou eu ir até ele. Enquanto isso não se realizava, nos víamos pela web cam. Me mandou fotos suas, músicas e conversamos pelo telefone. Até fui questionado se queria ser seu namorado (achei melhor conversar sobre isso pessoalmente e não pelo MSN). E conversávamos sempre que ele podia. Um dia não o vi on line. O dia seguinte também. E o outro. O que aconteceu? Um pensamento negro surgiu na minha mente. Será? Fui bloqueado? Para acabar com a dúvida, decidi bancar o detetive. Ele estava off line. O adicionei em um outro MSN que tenho. Logo em seguida ele aceitou. Estava on line! Perguntou quem eu era. Meu coração acelerou, minhas mãos tremiam, um nó na garganta me sufocava. O que aconteceu? Revelei quem eu era e perguntei: “Vc me bloqueou? Pq?”. “Não. Deixa eu ver. Ue, vc sumiu dos meus contatos, acho que apaguei sem querer” (!!!!??). “Pq fez isso?” continuei questionando. Ele, gaguejou, tentou explicar. Renovou promessas e eu . . . eu acreditei. Por que algumas vezes pensamos com o coração e não com o cérebro? Continuamos a conversar outros dias. Até que tudo se repetiu. Ele off line por dias seguidos. Eu com o coração apertado. Novamente o detetive Bob atuou e descobriu que ele estava on line. Chega! Por que agir assim? Por que não dizer que não queria mais nada? Uma razão apenas.

Episódios como esse, revelam o lado negro do mundo virtual. Afinal ele, o mundo virtual, tem como origem pessoas, com suas falhas e vícios. Mas também suas virtudes. Pessoas confusas e inseguras habitam-no. Mas também, pessoas sinceras e verdadeiras. E essas fazem valer a pena continuar aqui. Como um certo cara, que venho conversando a algumas semanas e que também conheci em um site de relacionamentos (o disponível). Ele também não mora aqui em minha cidade, mas mora a 66 km daqui (bem mais perto que o outro!). Não é blogueiro (ainda). Converso com ele praticamente todos os dias e quanto prazer isso me dá! Tenho por ele um carinho especial, coisa de amigo, vamos deixar claro. Ele me alegra, me faz dar gargalhadas, me emociona às vezes. Tem uma alma linda! Nesse mês vamos nos conhecer pessoalmente e espero que com isso possamos sacramentar nossa amizade. Tem também meus amigos blogayros, que alegram minha existência no mundo virtual. Enfim, pessoas que anulam qualquer péssima experiência com os dissimulados do mundo virtual.

Mas essas péssimas experiências tem o seu lado positivo. Thomas Edison no processo de invenção da lâmpada elétrica, tentou e falhou muitas vezes, alguns falam em mais de 1.000 tentativas fracassadas! Conta-se que alguém perguntou a Edison se ele, desanimado por todos os seus fracassos, não pensou em desistir. E ele respondeu: “Aqueles foram passos do caminho. Em cada tentativa, eu encontrava um modo de não criar a lâmpada elétrica. Eu estava sempre disposto a aprender, mesmo através dos meus erros”. Ele descobriu mais de 1.000 maneiras de não criar um lâmpada. Assim também, eu aprendi uma maneira de não agir no mundo virtual.